segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Exercício: Descritivo do nosso caminho de casa ao emprego

Saio de casa ainda antes de haver luz do dia, como se não quisesse saber de onde venho, antes de chegar aonde vou. Mesmo assim, com o tacto apurado, sem quase abrir os olhos, inspecciono o meu pequeno pátio que estou a transformar em pequeno jardim. Tem paredes brancas, demasiado bem pintadas que emolduram a tijoleira que, durante o dia, sofre com a luz em demasia, e a minha sombra não é suficiente para nos proteger.
Sou bastante rápido a sair de casa. Abro a porta de repente porque tenho medo que as flores se fechem antes de as conseguir ver. Quando me chego perto delas, e percebem que já as cheirei, não têm tempo para se fecharem e ali ficam quietas a deixar-me examiná-las, como uma criança quando confia na sua mãe. 
Ainda é possível ver o preço em alguns dos vasos, nos restos das etiquetas que jazem mutiladas no barro cozido.
Como se as estivesse a regar, vou de vaso em vaso, e debruço-me o tempo suficiente para as tentar reconhecer. Eu sei que elas não podem fugir nem trocar de vaso durante a noite, mesmo que o vaso ao lado seja maior ou que tenha sido mais caro, mas, antes de me deixarem ir embora, reparo que mesmo sem a luz do sol, as cores das flores são tão vivas, tão vivas, que nem consigo distinguir qual a cor que elas têm.

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