sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Para onde vão as p****** afinal?

Mote do exercício: escrever sobre um assunto sem nunca o nomear

Enfileiramos umas nas outras com a mesma naturalidade com que em tempos enfileirámos as carruagens do comboio que havia de fazer oitos infinitos no chão lá de casa. Não tinha importância se trocávamos a ordem à locomotiva, ou ao vagão de mercadorias. Idependentemente da ordem, a terra era sempre pouca.
Delas não se pode dizer o mesmo. Apesar do ar inocente com que desfilam encarreiradas umas nas outras, basta uma única descarrilar para ir tudo parar à valeta. Ou pior, para  ir tudo parar a um sítio diferente. O comboio de Saigão nunca vai para Paris, nem vice-versa. Já elas são insubordinadas e adoram arreliar o guarda-freio.
Quando Paris morava junto à porta de entrada e Saigão por baixo da mesinha do telefone,
(- Mãe, cuidado, não pises a pista!)
pouco importava se a ordem das coisas descarrilava o mundo. Mas agora que levaram a mesinha dos telefones para tão longe, há que ter muito cuidado.
Assim é no mundo delas, todo o cuidado é pouco. Qualquer uma colocada fora do sítio é o suficiente para significar o que nunca quisemos dizer.
Sozinhas são praticamente inofensivas,
"-Isto, é isto", sem dúvidas de maior ou grandes questões existênciais.
Mas quando incorrectamente combinadas,
"- Isto que fez aquilo com eles num certo lugar", já pode gerar confusão
Não quero assustar niguém, alerto apenas para que não volte a acontecer a ninguém o que já me aconteceu a mim. Ainda hoje não sei exactamente o que foi, mas suponho que me tenha descuidado na combinação e em vez de dizer o que queria, disse outra coisa qualquer que nada tem que ver com amor. O telefone nunca mais tocou e eu não tive oportunidade de esclarecer que naquele tempo a minha Saigão ainda ficava por baixo da mesinha do telefone.
Sabes pô-las todas no sítio certo? E antes disso, fazes ideia do que queres realmente dizer?

(As palavras vão para onde as mandarmos)

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